“Glen Kamara” (PT-SLO)

O caso do jogador de futebol profissional Glen Kamara ilustra a necessidade de prevenção da radicalização e a promoção da democracia.

Glen Adjei Kamara, de 25 anos de idade, nasceu na Finlândia e passou a sua juventude a jogar tanto em clubes finlandeses como em Inglaterra. Actualmente joga no Glasgow Rangers na Escócia e é jogador da seleção da Finlândia. Uma carreira perfeita. No entanto, o lado desportivo da vida de Glen Kamara está actualmente a desvanecer-se para segundo plano e, mais recentemente, algo que não deveria ter lugar no desporto está a vir à tona – o racismo.
Um olhar para trás.
A história de sofrimento de Glen Kamara começou em 18 de Março de 2021, na segunda parte dos oitavos-de-final da época da Liga Europa 2020/21. Glasgow Rangers, com Glen Kamara no onze inicial, jogou contra o Slavia Praga, no Estádio Sinobo, em Praga. Num jogo acalorado, o Glasgow Rangers perdeu por dois-zero e foi eliminado da competição. No entanto, a eliminação foi ofuscada por um insulto racista do jogador Ondrej Kudela. O defesa do Slavia Praga sussurrou uma “vil ofensa racial” (segundo Kamra) ao ouvido de Glen Kamara, inaudível para as câmaras. O resultado foi a pena máxima por incidentes racistas e a proibição de jogar nos 10 jogos internacionais seguintes para Ondrej Kudela.
Presente.
Mais uma vez, o Glasgow Rangers viaja para Praga num jogo da Liga Europa em 30 de Setembro de 2021, com Glen Kamara no onze inicial. Desta vez, no entanto, contra Sparta Praga, rival local, na Generali Arena. O jogo deveria ter lugar num cenário sem adeptos em casa devido a um incidente de racismo no jogo contra o AS Monaco, já que o jogador Aurelien Tchouameni foi continuamente insultado pelos adeptos do Sparta de Praga. No entanto, o Sparta de Praga propôs encher o estádio a metade da capacidade e atribuir o total de 10.000 bilhetes apenas a adeptos de 6 a 14 anos de idade, juntamente com os seus encarregados de educação.
Alguns minutos depois do jogo, Kamara olha com incredulidade para a Generali Arena. Sempre que o finlandês toca na bola, os jovens adeptos assobiam o jogador. Mesmo antes do jogo, podia-se seguir as iniciativas correspondentes para vaiar o jogador nas redes sociais. É possível ver a insegurança e os nervos tensos de Kamara; cerca de 20 minutos antes de lhe ser mostrado o cartão amarelo, seguido do vermelho e ser expulso do jogo. Os Glasgow Rangers perdem por 0-1.
Um olhar em frente.
Este caso realça mais uma vez a necessidade de prevenção da radicalização, bem como de promoção da democracia nos jovens em contexto desportivo. Continua a ser questionável se as crianças e os jovens no estádio foram instrumentalizados ou encorajados pelos seus pais, treinadores ou conteúdos das redes sociais a vaiar Kamara. No entanto, pode presumir-se que estes terríveis acontecimentos nunca teriam acontecido com uma educação consciente da diversidade e promotora da democracia. O projecto SafeZone aborda uma área tão sensível na adolescência, sensibilizando e treinando os treinadores desportivos para a necessidade de prevenir e intervir na radicalização e promover a inclusão e a compreensão dos ideias democráticos. Os treinadores e gestores desportivos na sua função de agentes multiplicadores podem dar um contributo decisivo para minimizar o risco de radicalização.